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  • Jussara Santos

Feminista solidária



Não quero falar das tragédias de 2016, ufa (!) foram muitas. Tragédias pessoais, tragédias coletivas. Mas, certamente, houve alegrias também, sucessos, recompensas, reencontros, risos. É a ordem natural da vida. O que se destacou para mim neste ano, que deixou sua marca, foi a confirmação do empoderamento e do protagonismo feminino. As redes sociais se apresentaram como veículo de ideias, de posicionamentos de muitas mulheres e, feito uma teia, fios foram tecidos, territórios foram ampliados. A noção de que juntas podemos ser mais fortes foi propagada. Muitas falas, muitos discursos de muitas mulheres marcarão uma época. Vimos e ouvimos, há algum tempo, Chimamanda Adichie, escritora nigeriana, “deveríamos todos ser feministas”. Ao falar para a turma de formandas, classe de 2015 da faculdade americana Wellesley, a escritora deu a elas o seguinte conselho:

“No mundo inteiro, as meninas são ensinadas a serem agradáveis, a se moldarem em formas que agradem outras pessoas. Por favor, não se modifiquem para agradar outras pessoas. Não façam isso. Se alguém gosta dessa versão sua que é falsa e te diminui, essas pessoas gostam de uma forma vazia e não de você. E o mundo é tão gloriosamente vasto, multifacetado e diverso que certamente existem pessoas no mundo que vão gostar de você como você é.” (https://www.youtube.com/watch?v=RcehZ3CjedU)


Penso que para 2017, nós, mulheres, devamos ter como um de nossos mantras a certeza de que não precisamos mudar para sermos amadas. Com certeza, em algum lugar, alguém irá gostar de nós da maneira que somos, Adichie tem toda razão. Mas o que gostaria de pedir mesmo para nós, se é que posso pedir alguma coisa, é que sejamos mais solidárias umas com as outras. Defendo um feminismo solidário! Em discurso, ao ser eleita a mulher do ano pela revista Billboard, a cantora Madonna disse ser uma feminista diferente. “Eu sou um tipo diferente de feminista. Sou uma feminista má’. (http://www.hypeness.com.br/2016/12/o-poderoso-discurso-de-madonna-ao-ser-eleita-mulher-do-ano-pela-billboard/)

Eu também quero ser uma feminista diferente, quero ser uma feminista solidária. Ainda em seu discurso, Madonna acrescenta:

“Mulheres têm sido oprimidas por tanto tempo que elas acreditam no que os homens falam sobre elas. Elas acreditam que elas precisam apoiar um homem. E há alguns homens bons e dignos de serem apoiados, mas não por serem homens, mas porque eles valem a pena. Como mulheres, nós temos que começar a apreciar nosso próprio mérito. Procurem mulheres fortes para que sejam amigas, para que sejam aliadas, para aprender com elas, para que as inspirem, apoiem e instruam.” (http://www.hypeness.com.br/2016/12/o-poderoso-discurso-de-madonna-ao-ser-eleita-mulher-do-ano-pela-billboard/)

Para 2017, então, que não tenhamos medo de sermos feministas, quantas vezes criticamos o machismo e repetimos posturas machistas. Quantas colegas de trabalho você tem? Já contou? Não? Então conte. Você sabe o nome delas? Quantas vezes você já elogiou uma delas ou todas elas? Elas não fazem nada de elogiável? Quantas vezes você foi solidária a ela ou a elas? Chefe emburrado, tudo bem, chefa emburrada é TPM, histeria. Por isso, mulheres, em 2017, façamos o exercício de sermos mais solidárias, mais amigas, eu vou fazer. Que divulguemos nossos trabalhos, que aprendamos umas com as outras, que sejamos inspiradas, vamos nos apoiar em 2017. Que não tenhamos medo de mulheres solteiras, que não confundamos o estar sozinha com solidão, existe a solidão criativa. Não prego aqui nenhum tipo de separação, inclusive não acredito nisso. Mas quer um cara goste ou não, eu sofro de vários transtornos, inclusive o de saber que o mundo foi feito pra ele e não pra mim, o que significa que eu tenho de fazer o meu próprio mundo e eu não faço meu mundo sozinha, há muitas mulheres no meu maravilhoso caminho, minha mãe, minhas avós, minhas irmãs, por exemplo. Portanto, mais feminismo solidário no ano que se avizinha.

Segue um poema com os melhores votos para hoje e sempre:

Não ando em linha reta sigo a rota do desvio. Vez por outra somos eu e o meio fio. Não estrangulo o que penso sufocada em espartilhos. Digo não ao retrós, à linha, ao ilhós. Seja lá por quem me tomas duas coisas sei: coragem não teme hematoma e muito se tortura por uma fina cintura.

(Jussara Santos)

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